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MINHAS QUERIDAS

MINHAS QUERIDAS

Clarice Lispector

Minhas queridas tem uma importância singular para entender a trajetória literária de Clarice Lispector e, mesmo, apontar novas leituras sobre a sua biografia. Organizado pela professora Teresa Montero, autora da biografia Eu sou uma pergunta (Rocco, 1998), o livro traz 120 cartas inéditas escritas por Clarice Lispector para as irmãs, Tania Kaufmann e Elisa Lispector, entre 1940 e 1957. Enquanto relata suas impressões sobre as 31 cidades por onde passa, as novidades da literatura, da música, do cinema e do teatro, a descrição do seu processo criativo, suas angústias acerca da publicação e repercussão de seus livros, a escritora mostra a história do amor e da ternura entre ela e suas irmãs, onde a vida privada é pontuada por momentos importantes da história política da Europa e dos Estados Unidos. A coletânea chega às livrarias em novembro, encerrando o ciclo de comemorações pelos 30 anos de A hora da estrela, publicado em outubro de 1977.

No período abordado no livro, durante os 13 anos vividos no exterior, Clarice Lispector escreveu dois romances – A cidade sitiada (1949) e A maçã no escuro (1961), visto que O lustre, publicado em 1946, já estava concluído quando a autora mudou-se para Nápoles e vários contos, incluídos nos volumes Laços de família (1960) e A Legião Estrangeira (1964). As cartas permitem acompanhar, portanto, o processo de realização destas obras e a reação da autora às impressões da crítica especializada e de amigos mais próximos. Mas a ânsia em receber notícias das irmãs parece tão grande quanto a necessidade de escrever: “… Penso que vocês acham que eu levo tal grande vida que menos cartas, mais cartas, me dá no mesmo. Que eu levasse essa tal maravilha de vida, e precisaria de cartas de vocês”, diz Clarice, de Nápoles, em 1944.

Além de acompanhar o contexto em que Clarice Lispector produziu os seus primeiros livros, as cartas reunidas em Minhas queridas pontuam também o universo artístico que inspirou a escritora durante sua estada no exterior, das músicas que ouviu, aos filmes e concertos a que assistiu e livros que leu. De Chopin a Beethoven, de Carmen Miranda a Vicente Paiva, os cantores citados nas cartas delineiam uma trilha sonora para a trajetória de Clarice. Numa das cartas ela conta ter lido O amante de Lady Chaterley, de D.H. Lawrence; noutra revela suas primeiras impressões sobre o Existencialismo e diz a sua irmã Elisa: “Vou lhe mandar um livrinho sobre essa filosofia, do mestre dela mesmo, Jean-Paul Sartre.”

Há também impressões de viagem, pontuadas por observações às vezes desconcertantes. No Egito, Clarice declara que as pirâmides “são uma beleza, infelizmente tão exploradas que diante delas a gente só pode ter uma sensação já descrita no almanaque da saúde da mulher”; ela diz. Berna “é uma cidade encantadorinha, limpíssima”; e Florença “é uma maravilha… é um lugar ideal”. Apesar de se encantar com os lugares que visita Clarice nunca deixa de ressaltar a dificuldade de viver longe de casa e a saudade que sente da família.

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REF: 195-73-1-82 Categoria:
ISBN

978-85-325-2274-0

Edição ou reimpressão

2007

Encadernação

Capa mole

Páginas

312

Autor:

Clarice Lispector

Editora:

Rocco